quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Amai

Amai.
Amai com todas as letras, sem vos dar conta, sem nada pedir.
Amai os dissonantes, os díspares, os dengosos.
Amai os diferentes, os singulares, os demasiadamente plurais, amai.
Amai aqueles que pouco sabem, mas sentem demais.
Amai. Amai, sim,
sem pressa, sem fim.
Amai os desvairados, os perdidos, os desencontrados.
Amai os em si encarcerados.
Amai. Amai os que buscam.
Amai aqueles que vos amam sem nada, nada querer
a não ser
vos amar com todas as letras, sem se dar conta, sem nada pedir.
Amai-vos uns aos outros, com todo o amor,
amai-vos como o Mestre Maior ensinou.
Amai.
Amai como amam os poetas – com ou sem métrica,
com versos brancos, com versos brandos,
com versos livres, com rimas ricas ou pobrezinhas.
Amai como quem brinca ou adivinha.
Amai sem deserto, sem desgosto, sem medo.
Amai de longe e perto, amai sem segredo.
Amai na sombra, na escuridão, no degredo.
Amai à luz dos faróis do Amor.
Amai sem nenhum pudor.
Amai com constância, sem distância.
Amai como as crianças.
Amai.
Amai no ar.
Amai à beira-mar.
Amai o mergulho.
No desencontro, no reencontro,
na paz, amai.
Amai o que se espera, o que desespera,
o que não se entrega.
Amai a planta e a rega.
Amai a fonte e a foz,
o silêncio e a voz,
a saudade e o carinho,
na necessidade e no ninho.
Amai os que esqueceram, os que envelheceram.
Amai os que amaram e amam ainda
– os que na miúda pátria de sua solidão,
amam com cósmica compaixão.
Amai em todos os sentidos,
os bebês e os bem vividos.
Amai por mil vidas inteiras,
amai sem fronteiras.

(Henrique Beltrão)

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